«O parque hoteleiro da província de Benguela, com cerca de oito mil camas disponíveis em 232 unidades, está preparado para receber uma avalanche de turistas durante as festas da cidade das Acácias Rubras, este mês», escreve a agência de notícias do MPLA, a Angop.
Este ano, as festas da cidade de Benguela, um dos maiores eventos turísticos do Sul de Angola, acontecem de 2 a 31 de Maio, sob lema “Maio é Benguela/407 anos”, devendo movimentar milhares de turistas, seduzidos pelos inúmeros atractivos culturais.
À semelhança de edições anteriores, a taxa de ocupação nas unidades hoteleiras, entre hotéis, pensões, residenciais, aldeamentos turísticos e aparthotéis, sobretudo nas cidades de Benguela, Catumbela, Baía Farta e Lobito, poderá subir 80 por cento.
As autoridades estão optimistas com essa procura esperada para animar a economia local, segundo o vice-governador provincial para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas e coordenador das festas da cidade de Benguela, Adilson Gonçalves, que garante capacidade de resposta do sector hoteleiro para atender os turistas nacionais e estrangeiros.
Para além de confirmar que não foi o MPLA quem fundou a cidade, Adilson Gonçalves, que falava no jardim da República, durante a apresentação pública do programa dos 407 anos da cidade de Benguela, que se assinalam a 17 de Maio, enfatizou que, porquanto já deram provas da sua capacidade de resposta nas edições anteriores, este ano, os agentes hoteleiros não vão fugir à regra.
Daí explicar que, no quadro do programa traçado, a comissão de festas teve a preocupação de trazer, desde o primeiro momento, a Associação de Hotelaria e Turismo de Benguela (AHTUB), para estar melhor preparada e manter um serviço de qualidade.
Recordando que Benguela, cuja província João Lourenço prometera transformar na Califórnia de Angola, recebe muitos visitantes aos fins-de-semana, sobretudo nos prolongados, o governante ressalta a boa capacidade de resposta, sendo, a seu ver, raras as queixas dos turistas quanto à prestação de serviços, salvo a insuficiência de camas.
No entanto, o responsável admite que essas queixas quanto ao número de camas insuficientes até acaba por ser um indicador positivo sobre como Benguela se vem transformando num destino turístico a nível nacional.
O vice-governador informou que a AHTUB está a trabalhar com o Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos na redefinição das rotas turísticas de Benguela.
É que, para Adilson Gonçalves, as tradicionais festas da cidade de Benguela têm a particularidade de movimentar não só a província, mas também o país, em geral.
Porém, diz que uma das várias formas de atrair cada vez mais um maior número de turistas é a actualização das rotas turísticas, com a inclusão de novos locais ainda por explorar, principalmente na zona marítima sul de Benguela.
Precisou ainda que esse objectivo levou o presidente da AHTUB, Cláudio Silva, a realizar, nos últimos dez dias, visitas de barco a praias por explorar da zona sul, faltando a norte, no quadro da redefinição de um novo roteiro turístico de Benguela.
É neste contexto que destaca o engajamento do sector hoteleiro no sentido de conseguir atrair cada vez mais turistas nacionais e estrangeiros interessados em visitar Benguela.
“Há muitos turistas, não só nacionais, mas também internacionais, com muita vontade de visitar Benguela”, sublinhou, afirmando que o desafio é fazer das festas da cidade de Benguela um bom produto turístico e corresponder às expectativas de todos quantos visitarem a localidade neste período.
Já a directora do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, Rosária Chitale, olha para as festas da cidade das Acácias Rubras como a melhor forma de trazer turistas para região.
“É satisfatório porque estamos diante do turismo de eventos: vamos ter shows e desporto”, observou, adiantando ainda que a ideia das festas é incentivar os turistas para que voltem ou visitem Benguela, pela primeira vez.
Até 31 de Maio, benguelenses e visitantes serão brindados com várias actividades, com destaque para espectáculos musicais com artistas angolanos consagrados, como Chelsea Dinorath, Yola Semedo e Matias Damásio, feira de gastronomia “Paladares Mil”, pintura e exposição de artes, passeio turístico pela cidade e desfile das majoretes.
Além disso, estão ainda previstas quintas culturais, stand up comedy, teatro, recital de poesia, provas de Kupapatas e Kaleluia, torneiros de futebol, campeonato internacional de Jiu Jitsu, tiro aos pratos, corrida de atletismo, ciclismo, cavalos e karting.
Também completam o programa a 13ª Feira Internacional de Benguela (FIB), Fórum sobre o Dia Nacional dos Museus, o concurso Miss Benguela e feiras e leilão de gado e “Mercadão”.
SE VIREM POR AÍ O TURISMO… AVISEM O GOVERNO
AO secretário de Estado do Turismo, Hélder Marcelino, disse no dia 24 de Março, em Luanda, que o Governo trabalha para aumentar o peso do turismo na economia, com a criação de mais empregos, face às oportunidades que o sector oferece. Tirando a questão de que o Governo… trabalha, o resto é mais do mesmo.
Falando à imprensa, na conferência sobre “Turismo em Angola – Desafios e Oportunidades”, Hélder Marcelino sublinhou que as acções encontram respaldo nos instrumentos de planificação do Governo, através de programa sectorial que alimenta o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2023-2027).
Hélder Marcelino acrescentou que, recentemente, foi aprovado o Plano Nacional para o Fomento do Turismo em Angola (Planatur) e, “no âmbito deste planeamento, temos delineado as acções necessárias para dar corpo aos principais desafios que se colocam neste momento no país”.
Explicou também que os desafios estão associados à componente das infra-estruturas, formação, promoção turística a nível nacional e internacional.
O secretário de Estado fez saber que, entre os desafios, em função da visão de cada actor, podem ser assumidas e encaradas oportunidades na área da hotelaria, agenciamento e facilitação dos acessos dos turistas aos lugares que se constituem como atractivos turísticos.
Já o gerente da empresa ITSALL4U, Nelson Rodrigues, entende ser necessário mostrar o potencial de Angola, levando a cabo uma acção de comunicação positiva com as tradições, cultura, identidade e paisagens do país, para atrair turistas locais e não residentes.
Por seu turno, a jornalista Natália Henriques, autora do livro “Conhecer Angola”, diz que a divulgação das belezas naturais de Angola acaba por incentivar o turismo.
Dados disponíveis apontam que a contribuição das receitas do turismo no Produto Interno Bruto (PIB) em Angola passou de 1,3 por cento em 2016 para 0,01%, 2022, ou seja, um decréscimo de 628 milhões de dólares para 24 milhões, sendo a pandemia da COVID-19 uma das causas.
Durante esse período, Angola recepcionou um milhão 351 mil 733 turistas estrangeiros vindos, sobretudo, do Médio Oriente, Estados Unidos da América, de países africanos e da Europa, sendo esses últimos, na maior proporção, representando 51%, do global, seguido de africanos com 17% e asiáticos com 15%.
As viagens apresentam um maior indicador com 60% das receitas, correspondentes a 69.653 turistas, 12.726 dos quais vieram em negócio, 22.528 de férias e 24.826 estiveram em trânsito para outros destinos.
Recorde-se que, no passado dia 15 de Março, o presidente da Associação de Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) saudou o Plano Nacional de Fomento ao Turismo (Planatur), que prevê criar 50 mil empregos directos, até 2027, número que considerou fácil de atingir.
Ramiro Barreira, presidente da AHRA, realçou que, pela primeira vez, o Governo angolano assumiu, com o plano recentemente aprovado, o turismo como uma “área de vanguarda de desenvolvimento da economia do país”.
“Significa que pela intensidade do sector do turismo, facilmente conseguimos atingir 50 mil empregos directos e depois também os indirectos e recuperar muitos empregos que o sector perdeu nos últimos anos com a covid-19 e a crise que se abateu nos últimos anos também”, disse Ramiro Barreira.
O plano prevê ainda para este ano a criação de 5.000 empregos (uma preciosa ajuda para chegar aos 500 mil prometidos por João Lourenço na primeira legislatura), tendo Ramiro Barreira considerado que esta meta se atinge rapidamente com as unidades hoteleiras a serem privatizadas este ano, no âmbito do Programa de Privatização do Governo.
“Com a entrada em funcionamento da maior parte deles e o arranque de alguns projectos, principalmente também o reinício da actividade do aeroporto (dito internacional) de Luanda, e o desenvolvimento de outros projectos nas províncias, é possível. O que não se conseguir este ano, pode-se recuperar no início do próximo ano”, frisou, lembrando que “o plano tem três meses de atraso”.
O Presidente angolano, general João Lourenço, aprovou o Planatur 2024-2027 que, numa primeira fase, prevê investimentos em pontos turísticos das províncias de Benguela, Cuando Cubango, Cuanza Norte, Luanda, Huíla, Namibe, Malanje e Zaire.
Segundo Ramiro Barreira, a melhoria das infra-estruturas rodoviárias nas principais províncias consignadas no plano é uma medida importante, bem como os polos turísticos em desenvolvimento em Calandula, Cabo Ledo, Cuando Cubango, assim como os programas específicos para os produtos turísticos, nomeadamente a construção de pequenos estabelecimentos comerciais para a venda de lembranças, entre outros.
O presidente da AHRA saudou “todas as infra-estruturas que, no fundo, contribuam significativamente” para tornar “o potencial turístico em produtos turísticos, que poderão ser vendidos aos turistas”.
“Por outro lado, parece-me também que, ao nível do financiamento, o Fundo de Garantia de Crédito também vem dar outro alento ao sector”, sublinhou.
Com uma disponibilização financeira do Estado de cerca de 2,5 biliões de kwanzas (2,7 mil milhões de euros), prevê-se a criação de 3.175 quatros, a asfaltagem de 500 quilómetros de estradas de acesso aos polos turísticos até 2027, além de 600 quilómetros de terraplanagem.
Ramiro Barreira realçou que é necessário financiar projectos, essencialmente ligados aos operadores turísticos, unidades hoteleiras, restauração, transportes para turistas, agências de viagens, todo o segmento ligado ao turismo, “por isso o plano de financiamento do sector também é muito importante”.
Ao sector privado, no quadriénio, cabe um financiamento de 247 mil milhões de kwanzas (273,5 milhões de euros) para o fomento do turismo.
O responsável da AHRA destacou, também, acções da parte institucional, como a formação e organização, considerando que se se conseguir fazer o que está previsto no Planatur “já vai ser um passo muito importante”.
“O importante é a mobilização de recursos financeiros para o projecto de curto, médio prazo (…). Se conseguirmos mobilizar os recursos financeiros, vai ser um passo muito importante e depois a implementação, os agentes para implementar é a parte mais importante”, acrescentou.
O presidente da ARHA disse que o sector privado e, particularmente, a associação que dirige, estão à espera e mobilizados para que possam responder positivamente ao Planatur e ajudar as políticas do Governo, que, por sua vez, disse, deve responder às necessidades do sector.
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